Considerando-se as desordens (...) que a imprensa já causou (...), julgando-se o (...) progresso que o mal faz dia a dia, pode-se prever (...) que (...) não tardarão a (...) banir essa arte (...) dos seus Estados (...) - Rousseau. Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público (...) como ela mesma - Joseph Pulitzer. Chomsky diz que "A propaganda representa para a democracia, aquilo que o cassetete significa para um estado totalitário.”
segunda-feira, 15 de junho de 2015
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Esta civilização chegou ao fim, não só no Brasil! “O Fim da Civilização. Quando se extinguirá esta sociedade corrompida por todas as devassidões, devassidões de espírito, de corpo e de alma? Quando morrer esse vampiro mentiroso e hipócrita a que se chama civilização, haverá sem dúvida alegria sobre a terra; abandonar-se-á o manto real, o ceptro, os diamantes, o palácio em ruínas, a cidade a desmoronar-se, para ir-se ao encontro da égua e da loba. Depois de ter passado a vida nos palácios e gasto os pés nas lajes das grandes cidades, o homem irá morrer nos bosques. A terra estará ressequida pelos incêndios que a devastaram e coberta pela poeira dos combates; o sopro da desolação que passou sobre os homens terá passado sobre ela e só dará frutos amargos e rosas com espinhos, e as raças extinguir-se-ão no berço, como as plantas fustigadas pelos ventos, que morrem antes de ter florido. Porque tudo tem de acabar e a terra, de tanto ser pisada, tem de gastar-se; porque a imensidão deve acabar por cansar-se desse grão de poeira que faz tanto alarido e perturba a majestade do nada. De tanto passar de mãos e de corromper, o outro se esgotará; este vapor de sangue abrandará, o palácio desmoronar-se-á sob o peso das riquezas que oculta, a orgia cessará e nós despertaremos. Então, quando os homens virem esse vazio, quando se tiver de deixar a vida pela morte, pela morte que come - que tem sempre fome - haverá um riso imenso de desespero. E tudo explodirá para se desmoronar do nada, e o homem virtuoso amaldiçoará a sua virtude e o vício aplaudirá. Alguns homens ainda errantes numa terra árida chamar-se-ão; encontrar-se-ão e recuarão horrorizados, aterrorizados consigo próprios, e morrerão. O que será então o homem, ele que já é mais feroz do que os animais ferozes e mais vis do que os répteis? Adeus para sempre, carros deslumbrantes, fanfarras e famas; adeus, mundo, palácios, mausoléus, volúpias do crime e delícias da corrupção! A pedra cairá de repente, esmagada por si mesma, e a erva crescerá sobre ela. E os palácios, os templos, as pirâmides, as colunas, mausoléu do rei, caixão do pobre, carcaça do cão, tudo isso ficará à mesma altura, sob a relva da terra. Então, o mar sem diques baterá tranquilamente nas praias e irá banhar as suas ondas na cinza ainda fumegante das cidades; as árvores crescerão, reverdecerão, e não haverá mão que as quebre e as destrua; os rios correrão nos prados floridos, a natureza será livre, sem homem que a oprima, e esta raça será extinta, porque era maldita desde a infância.” - Gustave Flaubert, in 'Memória de um Louco'.
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