terça-feira, 3 de março de 2015

Aguardando o Senhor Crise | GGN

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Um comentário:

  1. Não adianta. Querer fazer avaliação de ações econômicas, sem o domínio de princípios de economia, como: conceitos teóricos, experiências e conhecimento histórico das políticas econômicas nacionais, significa manter e disseminar a desinformação. Não existem dogmas do mercado financeiro, há sim uma doutrina político-econômica neoliberal, que defende uma ordem econômica natural, formada a partir das livres decisões individuais e que propõe assegurar a estabilidade financeiro-monetária como forma de regular o mecanismo dos preços, definindo assim a política monetária como o centro de equilíbrio e crescimento do sistema econômico. Assim, não é o mercado financeiro que impõe dogmas, é o governo que estabelece uma política econômica de base monetária ou neoliberal. Neste caso, o mercado financeiro passa a ser o centro das atenções e decisões do governo. Dogma é um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. E crença é um estado psicológico em que o indivíduo detém uma proposição ou premissa para a verdade, uma opinião formada ou convicção. O pensamento neoliberal é preceito político-econômico, com base nas teorias econômicas dos pensadores clássicos ou liberais. Na outra ponta estão as teorias ou princípios econômicos que fundamentam a política econômica, excluindo a doutrina político-econômica. FHC nunca domou a inflação porque o Plano Real, analisado com base nos princípios econômicos, foi mais um pacote econômico que cortou os zeros da moeda vigente como tantos outros anteriores. A diferença foi o mecanismo transitório da tabela de Unidade Real de Valor ou URV, que iniciou juntamente com o Cruzeiro Real (CR$) até o dia 1º de julho de 1994, quando foi lançada a nova base monetária nacional, o Real (R$). O resultado seria o mesmo dos planos anteriores se não fosse a mudança do governo de FHC para Lula e, consequentemente, da equipe econômica. Em todos os planos anteriores assim como no Plano Real quando se reduziram os zeros da moeda a base de cálculo para o índice de inflação zerava e começava com taxas baixíssimas, que depois de um tempo voltavam a exibir uma inflação descontrolada. Com a equipe econômica do Lula os fundamentos econômicos ou de Ciências econômicas passaram a ser aplicados e a inflação manteve-se relativamente baixa e sobre controle, conservando assim a queda da taxa de inflação conquistada com o corte dos zeros do Cruzeiro Real. O plano Real foi truque velho com roupagem nova. Só isto. O câmbio e juros do FHC, instituídos por decreto do Banco Central, destruiu o balanço de pagamentos e em consequência quebrou a economia brasileira, com danos ao orçamento público. Diferentemente do que está escrito no texto o Lula não manteve a herança maldita do câmbio apreciado e dos juros elevados porque a equipe econômica do Lula fez prevalecer a política de câmbio flutuante (fundamento econômico) e os juros de mercado, regulados com base na meta de inflação (princípios econômicos). Estes mecanismos econômicos não foram aplicados pelo FHC, embora tenham sido introduzidos ainda no governo FHC por exigência do Tesouro Norte-Americano e do FMI. Dizer: “Não fosse a crise mundial de 2008, o país teria enfrentado sua primeira crise externa pós-desvalorização cambial de 1999” é um pensamento desconexo, uma suposição para tentar adivinhar. Interregno virtuoso com a crise, é muito incoerente, deve ser uma proposta de teoria econômica para discussão. Com a atuação dos bancos públicos e dos incentivos fiscais, o governo não saiu da ortodoxia. Pelo contrário, adotou os princípios ortodoxos de Keynes e, por isto, o resultado não poderia dar errado. Estudos e alertas da burocracia competente que trabalha na Secretaria do Tesouro Nacional é outra aberração porque estes burocratas estavam condenando em última análise o pensamento Keynesiano que tirou o mudo da grande crise econômica de 1929 – A Grande Depressão. Falta espaço para continuar, mas até aqui é suficiente para esclarecer os equívocos deste texto.

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