Considerando-se as desordens (...) que a imprensa já causou (...), julgando-se o (...) progresso que o mal faz dia a dia, pode-se prever (...) que (...) não tardarão a (...) banir essa arte (...) dos seus Estados (...) - Rousseau. Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público (...) como ela mesma - Joseph Pulitzer. Chomsky diz que "A propaganda representa para a democracia, aquilo que o cassetete significa para um estado totalitário.”
Esta é uma tese confusa e contestável, própria de um foco limitado a uma variável econômica. Tipo de trabalho para jornalista ver, ler e se deliciar por ser simplista e, portanto, de fácil assimilação pelos leigos ou desinformados. Considerar que o fraco desempenho econômico do país desde a redemocratização é proveniente da infraestrutura deficiente, carga tributária excessiva, juros elevados e educação de má qualidade é de total incapacidade de considerar o sistema econômico como uma estrutura indivisível, onde um ramo de atividade tem reflexo direto e indireto sobre outro e outros – e não ou. Não há como identificar uma atividade do setor privado que não reflita sobre as contas públicas e não existe ação pública que não tenha intercessão com a atividade privada. A avaliação deste livro está centrada na visão de um técnico especializado em contas públicas. Especialista é quase sempre um generalista que pensa ser perito ou exímio sabedor de algo particular. Acreditar que infraestrutura deficiente e educação de má qualidade, fechados, possam responder por que a economia não cresce é o mesmo que negar essas condições durante o período de grande crescimento da economia inglesa no século XVIII ou que o inverso dos juros elevados no Japão é a causa do baixo crescimento da economia japonesa ou dos EUA e Europa. Considerar a carga tributária excessiva como instrumento de contenção do crescimento econômico é o mesmo que recusar o crescimento econômico da Suíça ou da Suécia, como se a redução dos tributos nestes países resultasse em potências econômicas. Não é possível constatar uma correlação entre os argumentos deste livro e os princípios econômicos, restando à impressão de ser meras especulações, bem ao gosto da mídia. Como diz o ditado popular: O buraco é mais embaixo! O consenso em torno da necessidade de uma melhor repartição da renda entre ricos, pobres e remediados não é proveniente de políticos e estudiosos, é um princípio econômico para o desenvolvimento. Acredito que um economista não pode ignorar as suas ferramentas de trabalho. Por isto, creio tratar-se de uma má interpretação, coisa comum, no jornalista. O pensamento exposto no parágrafo que diz: “Há, isto sim, um grande conflito entre os diversos e heterogêneos grupos sociais, cada um tentando obter do Estado mais benefícios, mais proteção regulatória e menor pagamento de tributos. Neste clima de desacordo social, diversas políticas que favorecem alguns grupos, mas prejudicam a coletividade, têm sido postas em prática, travando a eficiência e o crescimento econômico.” é de total agressão à realidade e a democracia por contrariar o que existe nas sociedades mundiais, cujo exemplo maior pode-se apresentar a sociedade norte-americana. Basta olhar o seu entorno para constatar o absurdo desta afirmação. Para mediar conflitos social e econômico existem governos e a política, justamente por serem inerentes ao convívio de grupos sociais. Faltou conhecimento de sociologia. A conclusão de que: “se a desigualdade continuar em queda, a futura predominância da classe média permitirá uma agenda mais consensual.”, não se trata de uma hipótese de final feliz, como deduz a ignorância jornalística. Este é um arremate advindo dos princípios econômicos. A hipótese pessimista: “por exaustão de recursos públicos e do mercado de trabalho, a desigualdade pode parar de cair, restando o crescimento baixo e o acúmulo de tensões sociais.” é um atentado ao bom senso, isto porque a economia e os economistas existem para resolver estes problemas econômicos. Por isto, esta hipótese só pode ser considerada caso haja mudança na política econômica ou uma crise imprevisível para os gestores da atual política econômica. Este não é o caso. Economia não é matéria esotérica ou sobre-humana, embora a mídia tente fazer esta relação extravagante, com as suas deduções e opiniões de seus especialistas.
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