Considerando-se as desordens (...) que a imprensa já causou (...), julgando-se o (...) progresso que o mal faz dia a dia, pode-se prever (...) que (...) não tardarão a (...) banir essa arte (...) dos seus Estados (...) - Rousseau. Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público (...) como ela mesma - Joseph Pulitzer. Chomsky diz que "A propaganda representa para a democracia, aquilo que o cassetete significa para um estado totalitário.”
Denúncia e delação sem prova material são crimes de calúnia e difamação. É o que a história revela na condenação do filósofo Sócrates: "Discurso de Sócrates em sua defesa. Filósofo aceita a sua condenação à morte, com palavras que são a maior evidência da sua grandeza ética e do seu gênio. Sócrates foi condenado a morte no ano de 399 a.C. Conta-se que Aristóteles (que foi discípulo de Platão) estando para ser preso em Atenas, fugiu da cidade. Questionado por sua atitude, totalmente oposta à de Sócrates, ele teria respondido: Não vou permitir que se cometa um segundo crime contra a filosofia. O Discurso: Bem cavalheiros, em troca de uma pequena economia de tempo, vocês vão ganhar a reputação e a culpa, da parte daqueles que desejam desprestigiar nossa cidade, de ter imposto a morte a Sócrates, aquele “sábio homem”. Por que essas pessoas que querem vos difamar, vão dizer que eu sou um sábio, ainda que eu não o seja. Se tivessem esperado um pouco mais, conseguiriam o que querem pelo curso natural das coisas. Vocês podem ver que estou avançado em anos de vida, e próximo da morte. Digo isso não para todos vocês, mas sim para os que votaram pela minha execução, e eu ainda tenho algo mais a dizer a eles.
ResponderExcluirSem dúvida pensais que fui condenado por falta daqueles argumentos que eu poderia ter usado, se eu pensasse que era justo não deixar nada por dizer ou por fazer, para garantir a minha absolvição. Nada mais distante da verdade. Não foi a falta de argumentos que causou a minha condenação, e sim a desfaçatez, a ousadia e a falta de pudor dos meus julgadores, assim como o fato de que me recusei a dirigir-me a vocês da maneira que mais prazer lhes daria. Eles gostariam de ouvir meu choro e meus lamentos, fazendo e dizendo todo o tipo de coisas que eu considero indignas de mim, mas que vocês estão habituados a ouvir de outras pessoas. Mas eu não admito que devesse recorrer ao servilismo porque estava em perigo, e não me arrependo agora de ter-me assim defendido. Prefiro muito mais a morte como resultado desta defesa, do que viver por ter agido da outra forma. Num Tribunal, como na guerra, nem eu nem ninguém deve usar suas artimanhas para escapar da morte a qualquer custo. Nas guerras, muitas vezes é óbvio que se pode escapar de ser morto, entregando suas armas e a si mesmo à misericórdia dos seus inimigos. Em qualquer tipo de perigo, há sempre muitos meios de escapar à morte, se você for suficientemente sem escrúpulos para não ser fiel a nada nem a ninguém. O difícil não é evitar a morte, mas sim, evitar proceder mal. (.....) Assim sairemos daqui: eu julgado por vós digno de morte; eles julgados pela verdade, culpados de impostura e de injustiça.(....). Quanto ao futuro, quero fazer uma previsão aos que me condenaram. Encontro-me naquele momento de uma vida, em que o dom da profecia está mais ao alcance dos homens: um pouco antes de morrer. (...). Eu afirmo a vocês, meus carrascos, que, tão pronto esteja morto, a vingança fará tombar sobre vocês, uma punição bem mais dolorosa do que a minha morte. Vocês me condenaram à morte na crença de que, por meio dela, se livrarão da crítica à sua conduta, mas eu afirmo, o resultado será exatamente o oposto. (...). Se vocês esperam que cesse a denúncia da sua maneira errada de viver, condenando as pessoas à morte, existe algo de muito errado no seu raciocínio. Esta forma de escapar à crítica não é nem possível nem honrosa. Melhor forma, e a mais fácil não é calando a boca de outros, mas tornarem-se pessoas justas. Esta é a minha última mensagem aos que me condenaram. (...). Mas eis que chegou a hora de partir, eu para morrer, vós para viver. Qual de nós terá melhor sorte? Ninguém o sabe, somente Deus. - Filosofia & Ciências