Considerando-se as desordens (...) que a imprensa já causou (...), julgando-se o (...) progresso que o mal faz dia a dia, pode-se prever (...) que (...) não tardarão a (...) banir essa arte (...) dos seus Estados (...) - Rousseau. Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público (...) como ela mesma - Joseph Pulitzer. Chomsky diz que "A propaganda representa para a democracia, aquilo que o cassetete significa para um estado totalitário.”
quinta-feira, 16 de junho de 2016
Exportação de serviços – uma alternativa viável para os países em desenvolvimentos?
Para
entender o que é exportação de serviços, serviços e prestação de serviço:
"Exportação de serviços – uma alternativa viável para os países em
desenvolvimentos? Está se tornando lugar comum nos círculos governamentais,
acadêmicos, privados e diplomáticos a tese de que países em desenvolvimento
deveriam perseguir políticas arrojadas de exportação de serviços com fins de
promover o emprego e o crescimento econômico. A tese é mais que meritória, mas,
infelizmente, carece de maior amparo empírico. As exportações de
serviços finais, que são aqueles que majoritariamente são exportados por países
em desenvolvimento, são apenas uma fração das exportações totais de serviços
quando contabilizados em valor adicionado. A maior parte dos serviços transacionados
entre fronteiras está, direta ou indiretamente, “embutida” em outros produtos,
sejam eles bens industriais, agrícolas, minerais ou mesmo outros serviços.
Tratam-se de serviços comerciais na forma de P&D, softwares, marcas,
design, serviços técnicos especializados, serviços financeiros, seguros,
logística dentre muitos outros que perfazem parcela crescente do valor final
dos bens. De fato, os serviços respondem por cerca de 20% do total do comércio
global. Mas, quando contabilizados em valor adicionado, são 54% do total –
estima-se que serão 75% até 2025.
A experiência americana, alemã e de outros países
avançados mostra que o desenvolvimento e a exportação de serviços estão
diretamente associados à estrutura econômica do país – quanto mais sofisticados
forem a indústria e outros setores, mais sofisticado tende a ser o seu setor de
serviços. A razão é que o desenvolvimento de serviços “responde” às demandas
por novas soluções e desafios tecnológicos e de mercado. Não por outra razão, a
indústria americana é o principal financiador do P&D do setor de serviços
daquele país. As evidências empíricas sugerem que não devemos esperar que
serviços comerciais sejam desenvolvidos de forma isolada ou autóctone num país.
Estamos aprendendo que a criação de valor está associada à relação sinergética
e simbiótica entre bens e serviços. Logo, o caminho mais promissor para países
em desenvolvimento é associar exportações de serviços a uma agenda mais ampla
de crescimento. Países em desenvolvimento devem, sim, explorar alternativas
econômicas na área dos serviços. Turismo, cassinos, call centers, serviços de
manutenção, de contabilidade e mesmo serviços finais com algum grau de
sofisticação, que são aqueles que hoje predominam nas exportações daqueles
países, são mais que bem-vindos. Porém, não devem ser vistos como panaceia. Os
serviços que devem estar no radar das estratégias de desenvolvimento econômico
são aqueles que podem pavimentar o caminho para o avanço do conhecimento e para
a inserção do país em cadeias globais de mais alto valor agregado, que é uma
das fontes primárias de aprendizagem, interação, upgrade tecnológico e de
acesso a mercados. Um já testado caminho para adentrar no segmento de produção
e exportação de serviços é o desenvolvimento de serviços associados aos setores
em que o país já tem vantagem comparativa estática ou dinâmica. O caso da
pecuária do Uruguai é ilustrativo. Após ser afetado pela doença da vaca louca
no início dos anos 2000, o país se impôs o objetivo de ser o primeiro a ter o
gado bovino totalmente identificado e rastreado. Para tanto, teve que
desenvolver conhecimento e tecnologias de rastreamento desde o nascimento do
animal até a carne chegar às gôndolas dos supermercados dos países
importadores. Hoje, para os rancheiros uruguaios, instrumento de trabalho tão
importante quanto o cavalo são os laptops e os chips. O Uruguai não apenas
passou a produzir carne em conformidade com os cada vez mais rigorosos padrões
sanitários internacionais, mas, também, a desenvolver todo um setor de tecnologia
de rastreamento que hoje já é vendido para o Brasil e outros países. O caso do setor de flores
ornamentais para exportação no Quênia também é ilustrativo. Para estar em
condições de competir com outros países no mercado global de flores, o país
teve que desenvolver serviços que viabilizassem a produção e a entrega
competitivas na bolsa de flores da Holanda. Os vários segmentos de serviços
desenvolvidos hoje contribuem para o potencial de negócios de outras atividades
econômicas. Muito pode ser feito para ampliar as exportações de serviços dos
países em desenvolvimento. Mas o sucesso da empreitada será, provavelmente, tão
maior, quanto mais ela estiver ancorada nos princípios fundamentais da geração
de riqueza do século XXI." - Jorge Arbache é economista.
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