sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Apesar de redução do Banco Central, juros sobem no mercado - 21/10/2016 - Vinicius Torres Freire - Colunistas - Folha de S.Paulo

Apesar de redução do Banco Central, juros sobem no mercado - 21/10/2016 - Vinicius Torres Freire - Colunistas - Folha de S.Paulo

Um comentário:

  1. Já está constatado tecnicamente que as causas atuais da inflação no Brasil não podem ser controladas pelas taxas de juros, porque essa inflação não tem razão monetária. Logo, a queda ou a alta dos juros não altera a presente taxa de inflação brasileira. A alta dos juros pelo mercado é uma conseqüência natural, que resulta das medidas econômicas adotadas pela equipe econômica, que produz irremediavelmente recessão e a recessão impõe ao mercado financeiro as condições necessárias para o aumento dos lucros do sistema financeiro. Seria uma estupidez técnica e econômica se o mercado financeiro não aproveitasse essa oportunidade. Esta é uma situação que pode ser constatada no Brasil tanto de forma técnica quanto histórica. Segundo revela a história econômica do Brasil as práticas de medidas econômicas impostas pelo consenso de washington e adotadas pela atual equipe econômica para solucionar problemas de natureza econômica em países pobres como o “Estado Mínimo”, isto é, um Estado com um mínimo de atribuições (privatizando as atividades produtivas) e com um mínimo de despesas como forma de resolver os problemas relacionados com crise fiscal: inflação explosiva, déficits em conta corrente no balanço de pagamentos, crescimento econômico insuficiente e distorções na distribuição da renda funcional e regional teve e tem como conseqüência (pelo menos no que se refere à América Latina) apenas o feito de combater à inflação nos países em que, durante os anos 80 e mesmo no início dos anos 90, a inflação atingia níveis insuportáveis e suas causas podiam ser combatidas pela simples redução dos gastos públicos o que não é verdade para a conjuntura atual. Além disso, o livre funcionamento dos mercados, com a eliminação de regulamentações e intervenções governamentais, também foi e é uma das molas-mestras das recomendações do FMI para reduzir os gastos públicos quando as despesas do governo são as causas primárias da inflação. No entanto, o que se constatou e se constata é que embora os países que seguiram e seguem o receituário do FMI ou o Consenso de washington tenham e possam ser bem-sucedidos no combate à inflação, quando as suas causas são exclusivamente decorrentes de gastos públicos elevados, acontece no plano econômico e social as seqüelas que são desanimadoras, pois ocorreram e ocorrem um misto de desemprego, recessão e baixos salários, conjugado com um crescimento econômico insuficiente. Tudo isso, conduz a uma queda de arrecadação pelo governo e a necessidade do governo por recursos obriga-o a buscar formas de financiamento por meio de aumento dos impostos ou de venda de títulos públicos. Considerando a dificuldade de aumentar imposto em uma economia recessiva a alternativa é a venda de títulos do governo e para estimular o mercado financeiro a comprar os títulos públicos o governo é obrigado a aumentar as taxas de juros. Prevendo esse cenário o mercado se antecipa e aumenta as taxas de juros. É o óbvio, que somente a equipe econômica não é capaz de perceber. Não adianta tentar baixar taxas de juros por decreto. É preciso adotar boas práticas de política econômica para que as taxas de juros possam cair de forma consistente.

    ResponderExcluir