quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A realidade não cabe numa bitola, diz Luciano Siqueira - Blog de Jamildo

A realidade não cabe numa bitola, diz Luciano Siqueira - Blog de Jamildo

Um comentário:

  1. A realidade eleitoral nas cidades está longe de se afastar da realidade nacional ou internacional. De fato, a História e todos os estudos políticos e científicos provam que tal realidade, mesmo antes das publicações de Friedrich Engels, Maquiavel, dos Evangelhos, Hobbes, Platão, Rousseau e outros, está submetida a interesses de grupos dominantes, isto é, está dominada e é conduzida segundo os interesses dos que detêm o poder social e/ou o poder político. Pode-se compreender facilmente esta realidade quando Engels, através de seus levantamentos históricos, expõe: “na maior parte dos Estados históricos, os direitos concedidos aos cidadãos são regulados de acordo com as posses dos referidos cidadãos, pelo que se evidencia ser o Estado um organismo para a proteção dos que possuem contra os que não possuem. Foi o que vimos em Atenas e em Roma, onde a classificação da população era estabelecida pelo montante dos gens. 0 mesmo acontece no Estado feudal da Idade Média, onde o poder político era distribuído conforme a importância da propriedade territorial. E é o que podemos ver no censo eleitoral dos modernos Estados representativos. Entretanto, esse reconhecimento político das diferenças de fortuna não tem nada de essencial; pelo contrário, revela até um grau inferior de desenvolvimento do Estado. A república democrática - a mais elevada das formas de Estado, e que, em nossas atuais condições sociais, vai aparecendo como uma necessidade cada vez mais iniludível, e é a única forma de Estado sob a qual pode ser travada a última e definitiva batalha entre o proletariado e a burguesia - não mais reconhece oficialmente as diferenças de fortuna. Nela, a riqueza exerce seu poder de modo indireto, embora mais seguro. De um lado, sob a forma de corrupção direta dos funcionários do Estado, e na América vamos encontrar o exemplo clássico; de outro lado, sob a forma de aliança entre o governo e a Bolsa. Tal aliança se concretiza com facilidade tanto maior quanto mais cresçam as dívidas do Estado e quanto mais as sociedades por ações concentrem em suas mãos, além do transporte, a própria produção, fazendo da Bolsa o seu centro. Tanto quanto a América, a nova república francesa é um exemplo muito claro disso, e a boa e velha Suíça também traz a sua contribuição nesse terreno”. Hobbes, também, dá a sua contribuição ao descrever o Poder: “Poder natural: a primeira ► refere-se às faculdades corporais e espirituais, tais como: força, beleza, prudência, capacidade, eloqüência, liberalidade ou nobreza. Poder instrumental: a segunda ► configura-se nos tipos de poder adicional conseguidos através do uso do poder natural, tal como: a riqueza, a reputação, os amigos e a “boa sorte”. Rousseau esclarece ainda mais essa relação quando afirma: “O Príncipe de Maquiavel é o livro dos republicanos”. “Na República, Platão condena a pólis ateniense por sua premissa de igualdade política. Para ele, a condição da harmonia social era o reconhecimento das desigualdades naturais entre os homens. A partir disso, propôs o modelo da cidade perfeita, governada por uma elite de sábios, os filósofos, que tinham acesso privilegiado ao conhecimento e à moral. Moldadas em ouro, prata ou bronze, as almas dos homens deveriam cumprir destinos específicos na sociedade. Toda subversão da hierarquia natural ameaçava a justiça” – Teoria das Elites, Fernando Nogueira da Costa in Estante, Estante de Política. Logo, não é real que “a sociedade nova nasça das entranhas da velha sociedade. A sociedade nova nasce do Poder dos que dominam a velha sociedade. Parece a mesma coisa, mas a essência é outra. Portanto, a realidade não apenas cabe numa bitola, como esta essencialmente preza a uma bitola. E tudo isso, está demonstrado no Novo e no Velho testamento.

    ResponderExcluir