Considerando-se as desordens (...) que a imprensa já causou (...), julgando-se o (...) progresso que o mal faz dia a dia, pode-se prever (...) que (...) não tardarão a (...) banir essa arte (...) dos seus Estados (...) - Rousseau. Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público (...) como ela mesma - Joseph Pulitzer. Chomsky diz que "A propaganda representa para a democracia, aquilo que o cassetete significa para um estado totalitário.”
Não posso acreditar que um ministro da fazenda possa dizer que: “Reduzir meta fiscal é ilusão e pode até aprofundar arrocho”. Também não acredito que o ministro seja um analfabeto funcional, que lê um texto de economia, mas não é capaz de interpretar. Só assim poderia dizer: “Os observadores às vezes tem uma ilusão. ‘Ah, então baixou a meta porque acabou o ajuste’. Na verdade, se tiver de baixar, é porque o ajuste tem de continuar, tem de se aprofundar”. Seria uma exposição de estupidez. O que os livros de economia dizem é que a demora em fazer o ajuste alimenta a recessão. Não diz que aprofunda a necessidade de ajuste ou produz mais recessão. Isto só acontece se quem gerencia o ajuste é incompetente ou incapaz de adotar as melhores práticas de gestão, para tornar o ritmo do reajuste mais lento de modo a não sacrificar ao extremo a sociedade. Só propõe a barbárie do ajuste inconseqüente e rápido gestores econômicos que aplicam métodos políticos, favorecendo alguns grupos sociais e empresariais, sem considerar os efeitos sobre a sociedade, e em detrimento da maioria. Isto é o que dizem os livros de economia. É a prática da expropriação da sociedade ou da famosa socialização dos prejuízos com a sociedade, quando o ciclo econômico acaba, e da privatização dos lucros quando a economia volta a crescer. Todos os governos democráticos comprometidos com a economia e a sociedade fazem o ajuste econômico de forma gradual de modo que a sociedade possa suportar as medidas restritivas, sem passar por uma crise social. Sendo verdade o que diz esta reportagem chegou à hora de pedir o boné, admitir a falta de conhecimento sobre fundamentos econômicos e voltar para a atividade financeira, que é simplista e fora do contexto social e econômico de um governo democrático responsável e comprometido com a sua nação. Entre os países que são exemplos de ajustes, com metas fiscais reduzidas, estão os europeus desenvolvidos e os Estados-Unidos. Contrariar a prática, que se sustenta na teoria econômica, é um atestado de completa ignorância. O ajuste fiscal, segundo os livros de economia, não é um fim em si mesmo. O ajuste se faz apenas e tão somente para permitir o recomeço do crescimento econômico. Portanto, admitir que o ajuste em ritmo mais lento é indutor do aprofundamento de medidas de recessão, é desconhecer plenamente a função e objetivo de um ajuste. Quem entende de economia pode dizer que o crescimento econômico seria retomado um pouco mais adiante, mas com um ganho social considerável. Isto é o que dizem os livros de Economia. Paulo Sandroni explica que as recomendações dos economistas do FMI, do Bird e do Tesouro dos Estados Unidos realizadas em Washington no início dos anos 90 para que os países em desenvolvimento, adotassem políticas de abertura de seus mercados e o “Estado Mínimo”, ou seja, um Estado com um mínimo de atribuições (privatizando as atividades produtivas) e, portanto, com um mínimo de despesas como forma de solucionar os problemas relacionados com a crise fiscal: inflação intensa, déficits em conta corrente no balanço de pagamentos, crescimento econômico insuficiente e distorções na distribuição da renda funcional e regional, não surtiu os efeitos desejados porque embora os países que seguiram tal receituário tenham sido bem-sucedidos no combate à inflação, no plano social as conseqüências foram desalentadoras: um misto de desemprego, recessão e baixos salários, conjugado com um crescimento econômico insuficiente. Se fosse verdade este pensamento, que a mídia atribui ao ministro, seria de se acreditar que ele deseja, por ignorância ou maldade, dificultar o crescimento econômico da economia brasileira. É possível reduzir e controlar a inflação de modo a possibilitar o crescimento econômico sem dificuldade, adotando um ajuste com metas mais baixas, então porque acelerar o ajuste e em consequência atrapalhar o crescimento econômico. Seria admitir burrice e a adoção de medidas políticas em vez de econômicas por falta de conhecimento sobre fundamentos econômicos.
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