Considerando-se as desordens (...) que a imprensa já causou (...), julgando-se o (...) progresso que o mal faz dia a dia, pode-se prever (...) que (...) não tardarão a (...) banir essa arte (...) dos seus Estados (...) - Rousseau. Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público (...) como ela mesma - Joseph Pulitzer. Chomsky diz que "A propaganda representa para a democracia, aquilo que o cassetete significa para um estado totalitário.”
quarta-feira, 22 de março de 2017
VERSÃO BRASILEIRA DO POEMA DE MAIAKOVSKY.
NA PRIMEIRA NOITE, ELES NOS DERAM UM TAMBOR E BATUCAMOS
ATÉ AMANHECER.
NA MANHÃ SEGUINTE, ELES NOS DERAM UMA BOLA E JOGAMOS ATÉ
ANOITECER.
ENTÃO, ELES NOS DERAM UM TERÇO E REZAMOS ATÉ ANOITECER.
DEPOIS, ELES NOS DERAM UMA TV E ASSISTIMOS BBB ATÉ
AMANHECER.
ENTÃO, ELES LEVARAM NOSSOS CÉREBROS E LHES AGRADECEMOS,
PORQUE ERAM MUITO PESADOS PARA CARREGAR.
EDITORA OPÇÃO.
terça-feira, 21 de março de 2017
AO
POVO DE DEUS DAS COMUNIDADES DA IGREJA CATÓLICA. Assim fala o Senhor Deus:
“Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes
contra o meu povo e os pecados da casa de Jacó”. (Is. 58,1) . Caros fiéis. Diante
da gravidade do momento político, social, econômico e moral que vivemos nos últimos
tempos e inspirados pelo testemunho do Evangelho, não podemos ficar calados. No
conturbado ano de 2016, o nosso país deparou-se com uma avalanche de projetos e
decisões do Congresso – alguns já implementados – que claramente trarão em
curto e médio prazos conseqüências graves para toda a sociedade brasileira, de
modo especial para os trabalhadores e os pobres. A crise economica é
apresentada como a grande vilã do momento, pela qual se justifica qualquer
medida sócio-político-econômica. As medidas são impostas em pacotes prontos e
fechados. O Congresso e o Senado servem apenas como fachada para dar legalidade
ao que uma elite conservadora já decidiu de antemão: privilegiar o sistema
financeiro e defender os interesses do grande capital. O preço é impor enormes
sacrifícios aos mais pobres e desestruturar as condições de sobrevivência das
pequenas empresas e da própria economia familiar. Como a atenção da população
está focada na crise econômica, é importante não nos distrairmos em relação a
outros setores da vida social, tais como: • a polêmica reforma do ensino médio,
• a redução da maioridade penal com medidas duras de imputar penalmente os
adolescentes, a reforma da Previdência Social em tramitação no Congresso nestes
dias, com conseqüências desastrosas para os empobrecidos no próximo futuro, e
as alterações em leis trabalhistas conquistadas com luta e sangue de operários.
Infelizmente todas essas medidas apontam para sérios retrocessos em diversas
conquistas que resultaram da mobilização de milhões de brasileiros e
brasileiras desde tempos passados, como o da Constituinte, até os nossos dias. É
escandalosa a ascensão ao poder de pessoas de duvidosa reputação, sob suspeita
de corrupcão ou em adiantado processo de investigação, para ocupar cargos de
alta responsabilidade no Legislativo, no Judiciário e no Executivo. Assistimos
a um grande recuo de iniciativas que resgatem a dignidade popular. Até
propostas de lei de iniciativa popular, um grande avanço constitucional, são
barradas no Congresso. Vozes inconformadas e clamor popular que manifestam
insatisfação ou dissenso são apresentados pela mídia como elementos de estorvo
e distúrbio diante da perspectiva de constituir uma “nova ordem” para salvar o
país. Assim as leis e a governança não colocam a economia e a atividade
política a serviço da pessoa humana e das suas necessidades básicas, pelo
contrário a gestão da coisa pública e a aprovação de emendas parlamentares são
pensadas para salvar um projeto de economia neoliberal que impõe pesos insuportáveis
nos ombros dos mais pobres. Outras questões graves nos preocupam: vemos
aprovadas leis, varadas na calada da noite ou com canetadas do Judiciário, que
desmantelam a família, negam dignidade ao nascituro e descaracterizam a
concepção da identidade sexual da pessoa humana, ferindo profundamente a sensibilidade
de grande maioria do povo brasileiro. Assim o Estado se dissocia da sociedade
civil como um todo e não interpreta os seus anseios, pelo contrário é usado por
grupos políticos e econômicos que dele se apossaram para sujeitá-lo a seus interesses.
Na nossa região as consequências das medidas apresentadas são agravadas pela
falência do Estado do Rio de Janeiro e a total ineficiência dos ôrgãos
governamentais que dificulta possíveis parcerias com a iniciativa privada. A
privatização da CEDAE é a expressão mais eloquente de um Estado que agoniza e
se submete às leis do mercado para poder de algum modo sobreviver. O que mais
preocupa a nossa população é o agravar-se da violência alimentada pelo tráfico,
a falta de perspectivas e de oportunidades para a juventude, o desemprego
generalizado que atinge as famílias e congela a economia, a precariedade da
saúde pública e o desmantelamento do SUS de tal forma que os mais pobres,
quando ficam doentes, são condenados a sofrer uma lenta agonia, enfim o
desespero da fome que leva famílias inteiras a buscar alimento a qualquer
custo, quando não podem mais contar com a solidariedade dos bons. Conclamamos
todas as pessoas de boa vontade, sensíveis aos valores da justiça e da
solidariedade a se juntarem e a se manifestarem contra as medidas que afetam o
bem comum e a vida dos mais pobres e indefesos. Esta é a hora em que cada de
nós é chamado a exercer a cidadania em relação aos deputados e senadores que
pediram e ganharam o nosso voto na época das eleições para cobrar deles postura
digna e coerente na hora de votar emendas parlamentares que podem prejudicar os
seus eleitores.
O Senhor nos chama a ser protagonistas da salvação como seus
colaboradores na construção do Reino. Ele nos convida à vivência da fé, ao
exercício da esperança e ao testemunho da caridade. Isso acontece de fato
através de uma ação firme e determinada em defesa da educação e saúde públicas
de qualidade, do direito ao trabalho digno, ao gozo da vida no tempo da justa
aposentadoria, do acesso ao lazer, à cultura e à moradia, ao direito a uma
alimentação saudável para saciar a fome e a sede para viver com dignidade
cuidando da nossa Casa Comum. Vivemos tempos difíceis! A nossa fé nos guie e
nos fortaleça para podermos assumir a missão de trabalhar para que todos tenham
vida e vida plena. Com minha bênção de pastor. Volta Redonda, 17 de março de
2017.
Dom Francisco Biasin.
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